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segunda-feira, setembro 15, 2014


O melhor do intercâmbio

Cuidado! Depois de ler as linhas abaixo, provavelmente você queira embarcar no primeiro avião que aparecer, hehe...

Muita gente bem mais nova que eu já é cascuda quando assunto é intercâmbio. Mas essa foi minha primeira vez. E às vezes nos sentimos desconfortáveis quando fazemos algo pela primeira vez. Foi por isso que me dei o direito de ter medo. Um medinho de leve, é claro, mas ele estava lá e me acompanhou durante as últimas semanas antes do embarque. Exagero? Acredito que não, mas é que a viagem de um mês para Londres foi desafiadora por vários motivos. Nunca tinha viajado para tão longe sozinha e nem tinha ido para a Europa. Além disso, não dominava totalmente o idioma; não tinha ideia de como seriam as pessoas que encontraria por lá e sabe lá Deus como seria a imigração.



Dias antes, bateu um misto de insegurança com ansiedade e vontadezinha de gritar. Um sentimento normal, mas novo para mim. Eu estava apenas vivendo meu momento. Talvez você também se sentisse assim diante de uma viagem sonhada, planejada e ali na sua frente prontinha para ser vivida e desvendada. Parecia até um sonho, mas era melhor. Era real.  Expectativas mil, cabeça voando.

Depois de mais de 12h, cheguei a Londres. Logo no aeroporto fiz amizade com três brasileiros que também estavam chegando para começar um intercâmbio. Trocamos uma ideia, relaxamos para a imigração e, depois do desembarque, nunca mais nos vimos. Acontece, rs.  Contei aqui minhas primeiras impressões sobre Londres quem foram boas em sua maioria. Não lembro disso, mas de acordo com meu pai, já no meu segundo dia eu disse que não queria mais voltar para o Brasil de tanto que tava amando tudo aquilo. Devo ter falado isso mesmo, rs.




As amizades <3




Antes de viajar, recebi uma ordem: “Não faça amizade com brasileiros nem com asiáticos. Você precisa aprender bem o inglês”. Você cumpriu a ordem? Nem eu, rs. Os brasileiros têm aquela explosão de curiosidade pelo novo que a gente já conhece e os asiáticos nos encantam com sua educação e simpatia. Não são de abraços e muitos não falam bem inglês. Mas quem liga? É tão bom conhecer gente legal!  Ainda em nossa primeira semana, encontramos um restaurante brasileiro na Oxford Street e ele fez nossa alegria nos dias de saudade do feijão preto. E adivinha quem foi comer uma bela feijoada comigo? Meus novos amigos asiáticos (dois japas, dois coreanos) e um turco.  Eles disseram que estava “delicioso”. Sim, tiveram a delicadeza buscar a boa e velha palavra do nosso vocabulário português para se expressarem. Ainda beberam um Guaraná Antártica para completar o “brasileirismo”. Foi tão legal que não consigo encontrar uma palavra para descrever o quanto esse encontro de culturas é empolgante.




Durante aulas, a gente se divertia muito. Muitas vezes, para nos comunicar tínhamos que fazer mímicas, desenhos ou qualquer outra coisa que nos fizesse entender e ser entendidos. No final, dava certo. Tudo acontecia entre muitas risadas e bom-humor. Os professores também eram incríveis. Ai, que saudade! Com meus amigos brasileiros viajei nos finais de semana para Paris, Amsterdam e Brugges. Também fomos para Brigthon - a praia de pedrinhas da Inglaterra. Nos divertimos horrores e andamos muito (muito mesmo!) pela cidade. Afinal, só anoitecia lá pelas 21h e não queríamos perder nada.



Quanto mais os dias passavam, mais nos sentíamos acolhidas pela cidade. Nos apaixonamos pelo tal ar britânico, onde tudo funciona, as pessoas são educadas e solícitas. Pelo menos comigo foram.  Parecia que estávamos lá há meses. Tínhamos até nossas estações preferidas de metrô e eu ainda fiz amizade com o árabe do café onde diariamente eu garantia meu “hot chocolate”.  A vontade era de eternizar cada segundo. Ah, se eu pudesse filmar ou fotografar tudo...



Mas a gente também cansava, viu? A segunda-feira era nosso “day-off”. Saíamos da aula e escolhíamos um programa bem leve para fazer ou fazíamos nada mesmo. É incrível como fazer nada em Londres pode ser recompensador.

Andando devagar pelas ruas a gente consegue desfrutar com calma da rotina de toda aquela mistura cultural.  Mesmo com tantas mulheres de burca, de véu, indianos e asiáticos, o ar britânico que sobressai de um jeito incrível. E não falo de uma mistura racial como no Brasil, são realmente nacionalidades diferentes com seus mais diversos costumes vivendo em um único lugar e, ainda assim - em todo tempo - você tem certeza que está na Inglaterra. Achei isso incrível demais! Londres é sim uma cidade cara para se viver e, por isso, muitas vezes almoçamos no Mc Donalds e comemos porcarias por aí. Não fiquei super fã das comidas típicas. Era bem fácil encontrar frutas para comprar e nem era muito caro não.



O mercado chamado Poundland – onde tudo custava 1 pound - foi aquele achado top. Tinha de comidas congeladas até shampoo e condicionador. Lá fazíamos nossas comprinhas da semana, rs.  A manifestação artística também é grande. Todo dia passávamos por alguém tocando violino, sax, cantando ou dançando nas estações de metrô ou nas praças. Londres é mesmo encantadora. Às vezes eu até parava para assistir.


Hora de partir

Nunca pude imaginar que uma cidade teria o poder de roubar meu coração. Fui no final do verão. Na minha primeira semana peguei “calorzinho”, nas outras senti frio. E me acostumei. Colocava várias roupas. Virei a rainha das sobreposições e saía de casa. É claro que nem todo dia o look dava certo, mas eu tentava. Lá a gente tem liberdade para isso. Ninguém se importa se sua roupa está bonita. Está confortável? Então está valendo!


A última semana foi um misto de “quero aproveitar cada milésimo de segundo” com “meu Deus está quase na hora de ir embora”. É claro que sentia saudades das pessoas amadas que ficaram Brasil. Ei! Eu também tenho sentimentos, rs. Mas é que eu estava vivendo algo tão incrível que eu não queria que acabasse. Não queria.

No meu último dia, me despedi dos meus novos amigos e dos professores. Tiramos fotos, trocamos palavras de carinho. Dei lembrancinhas do Brasil para todos eles. Depois fizemos compras na Primark (sim, deixamos para o último dia com a ideia de torrar toda a grana que restou). Tirei minha última foto com o Big Ben no fundo, contemplei a London Eye, esperei anoitecer. Tirei mais fotos. Olhei tudo de novo. Me certifiquei que não tinha sido um sonho. Peguei o metrô, voltei para casa, prestei mais atenção na rua em que morei. Comi “fish and chips”. Arrumei as malas, tomei banho e deitei na cama. Um filme passou pela minha cabeça. Assisti-o. Dormi.



Ao sair de casa, rumo ao aeroporto, tive a certeza de que estava deixando parte de mim naquele lugar, mas não chorei. Não era tristeza o que eu sentia. Era paz. Era agradecimento. Eram coisas boas. Estava feliz pelos dias vividos. Foram, sem dúvidas, dias incríveis. Dias tais que vão habitar minhas memórias para sempre. Recordações que vou ter prazer e orgulho de dizer que fazem parte de mim.


Londres  <3


1 comentários:

Andreia Borges disse...

Que experiência incrível, né Carol? Parabéns pela coragem. Viajar e conhecer novas culturas são tudo de bom Beijos.